Abilio Diniz não para. Aos 84 anos de idade, ele faz duas horas de esporte por dia; cuida de seu império, a Península Participações, que administra R$ 12 bilhões em recursos próprios; e ainda arruma tempo para fazer lives com personalidades. Desde março de 2020, foram, no total, 54, com gente como o padre Fábio de Melo e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.

Mas o que Abilio não para de fazer mesmo são grandes negócios. Depois de abrir a gestora de hedge fund O3 Capital para o grande público, ele se prepara para lançar o private equity da Península ao mercado. A equipe, que já cuida de grandes investimentos de sua família, como fatias do Carrefour, da BRF, da Wine, entre outras empresas, agora vai captar com terceiros. Mas com os grandes investidores.

“Acreditamos que até julho todo processo legal terá sido completado e aí abriremos o private equity”, diz Abilio Diniz ao NeoFeed. Mas quanto Abilio pretende captar? “Eu sempre pensei em números grandes, não tem limite. A questão é a seguinte: ‘o que você tem a oferecer para os investidores?’. Quando você tem um bom produto, os investidores vêm”, diz ele.

Diniz afirma que mescla os investimentos em empresas grandes e as inovadoras. E está nessa nova empreitada também por acreditar numa rápida retomada do Brasil ainda neste ano. “Minha expectativa é o dólar abaixo de R$ 5. O Brasil é um país emergente, com mais de 200 milhões de habitantes e uma sociedade de consumo muito importante.”

Sobre o desempenho econômico do Brasil, ele é extremamente otimista. “O Brasil surpreendeu o mundo. A economia da França caiu 10% e nós caímos 4,1%. Já começa por aí. O mundo está um pouco de nariz torcido para o Brasil, mas nós estamos surpreendendo sim”, afirma.

Em relação a gestão do governo do presidente Jair Bolsonaro durante a pandemia, Abilio prefere não opinar. “Tivemos um problema, não adianta ficar buscando culpado agora. O culpado sempre é o mordomo. Não vamos ficar pensando quem é o culpado, vamos olhar para frente. O que se faz? Tem que antecipar a vacinação”, diz o empresário.

Na sua opinião os investidores brasileiro e internacional buscam tranquilidade para poder investir e, diante disso, as reformas são cruciais. Diniz também que não é hora de antecipar as discussões sobre as eleições presidenciais, pois muitas coisas ainda vão acontecer. Mas não deixa de falar sobre a pesquisa do Datafolha, divulgada na semana passada, que aponta o ex-presidente Lula como vencedor em uma disputa com Bolsonaro.

“O presidente Lula sempre foi um cara carismático e muito pragmático. Você vê as declarações que ele tem dado na mídia. São de um homem de centro. Com o carisma que ele tem, com esse tipo de declaração, evidente que ele desperta um interesse grande nos eleitores e na população.”

Nesta entrevista que segue, Diniz ainda fala sobre o liberalismos econômico e o peso do Estado em uma situação de pandemia. "Sou liberal, mas, nos momentos de crise, somos todos keynesianos", afirma. Ele também comenta sobre o futuro do varejo e as operações do Carrefour, que recentemente comprou a rede Big. “Estamos dando a partida para uma força muito grande no omnichannel com Carrefour e Big juntos. Aguarde, em pouco tempo, vamos surpreender o mercado nessa parte digital”, diz ele. Acompanhe:

Você lançou recentemente a gestora O3 Capital para o varejo. Mas a Península é mais conhecida pelos investimentos na linha do private equity. Há intenção de abrir isso para outros investidores?
Sim. A ideia de abrir a O3 para o público surgiu há quatro anos e, quando fomos concretizar isso, decidimos também abrir a gestora do private equity. Temos pessoas e vários investimentos. Só que começamos a fazer toda a regulamentação do private equity no fim do ano passado e ao longo desse ano. Acreditamos que até julho todo processo legal terá sido completado e aí abriremos o private equity.

Tem demanda para o private equity?
Tem sim. Veja o seguinte, temos alguns investimentos em que já contamos com coinvestidores. No Carrefour, por exemplo, o fundo soberano de Cingapura está conosco. Em outros investimentos, tem o fundo de Liechtenstein. Fora investidores menores que estão interessados em investir conosco.

“Apesar de tudo o que se fala, o Brasil é atraente. As coisas normalizando, a pandemia se acalmando, teremos muito capital externo entrando aqui”

Qual é o perfil do seu private equity?
São investimentos que demoram a maturar, mais para investidores institucionais. E o Brasil é muito atraente. Apesar de tudo o que se fala, o Brasil é atraente. As coisas normalizando, a pandemia se acalmando, teremos muito capital externo entrando aqui. Minha expectativa é o dólar abaixo de R$ 5. O Brasil é um país emergente, com mais de 200 milhões de habitantes e uma sociedade de consumo muito importante. Acreditamos que as taxas de juros vão continuar baixas no mundo. Enquanto isso se mantiver, você vai ter investimentos em bolsa, em hedge fund e em private equity em empresas.

Mas qual é a razão de abrir o private equity para terceiros?
É a mesma da O3 Capital. Temos um time muito competente, feito coisas importantes, estamos satisfeitos com isso. O investimento em Carrefour Brasil é incrível. Entramos e praticamente triplicamos o investimento, fizemos IPO, foi um sucesso.

Qual é a tese de investimento da Península?
Nossa tese principal é educação, saúde e alimentação e distribuição. Independentemente disso temos dois tipos de investimentos. Um deles é o de inovação. Procuramos investir em setores que englobam inovação, sustentabilidade e ESG. O outro tipo de investimento é o de special situations, onde estão os investimentos grandes como a BRF, o Carrefour. É aí que estamos olhando, onde consegue atrair os grandes investidores.

“O investimento em Carrefour Brasil é incrível. Entramos e praticamente triplicamos o investimento”

Os investimentos em inovação entram na categoria venture capital?
Não chega a ser. Mas nós entramos normalmente na segunda rodada de captação.

Quais são esses investimentos?
Temos um que entramos e saímos. É a Passei Direto, uma plataforma que auxilia alunos para vestibular. Entramos há dois anos e já vendemos. Dobramos o capital. Outro investimento interessante que temos é o Hilab, uma empresa que faz testes rápidos em farmácias, inclusive de Covid-19.

Como vocês mapeiam essas oportunidades?
Temos uma equipe especializada nisso, de extraordinária qualidade. Trouxemos recentemente o Felipe Hamaoui, que estava no KKR em Nova York, e tem uma expertise grande em private equity. Temos também o Marcelo (Marcelo D’Arienzo, CEO da Wine), a Laura (Laura Jaguaribe), gente muito técnica. Eu, a Flávia (Flávia Almeida, CEO da Península) e o Edu (Eduardo Rossi, vice-chairman) só fazemos parte dos conselhos das gestoras, tanto da O3 como do private equity. Esse é um negócio de profissionais.

Você tem estudado esse mundo da inovação e startups?
Acho que uma das minhas características mais importantes é aprender. Eu quero aprender até o meu último dia de vida. Aprender, aprender e aprender o tempo inteiro. Você ouve, estuda e se aprofunda naquilo que está procurando fazer. Eu procuro fazer isso. Agora, pensar que sou um expert em inovação? Sem chance. Eu não compito com os meus filhos pequenos em qualquer habilidade digital. Eles manejam qualquer coisa digital com muito mais destreza do que eu. Agora, eu tenho uma curiosidade muito grande e dou palpite dentro do conselho.

“Acho que uma das minhas características mais importantes é aprender. Eu quero aprender até o meu último dia de vida. Aprender, aprender e aprender o tempo inteiro”

Quanto o private equity da Península administra?
Se você considerar BRF, Carrefour e outros investimentos, tem algo ao redor de R$ 4 bilhões.

Ao abrir para terceiros, quanto espera captar?
Eu sempre pensei em números grandes, não tem limite. A questão é a seguinte: ‘o que você tem a oferecer para os investidores?’. Quando você tem um bom produto, os investidores vêm. É a mesma coisa no varejo. Quando você tem qualidade, serviço e preço, os consumidores vêm. No private equity, se você tem bons produtos, boas empresas, os investidores vêm. Agora, se tem empresas duvidosas, onde você mesmo tem dúvida se o negócio vai voar, aí fica difícil. Não tem segredo, o ponto é esse: ‘o que você tem para oferecer?’.

Mas ter você como dono do negócio ajuda para trazer esses investidores, não?
Acho que sim. Mas é um negócio até, às vezes, meio chatinho. No dia que lançamos a gestora O3, um monte de amigo passou WhatsApp para mim dizendo que ia investir comigo. Pensei: ‘poxa, não aumenta a minha responsabilidade, o recurso dos meus amigos investidos aqui’ (risos). Me sinto incomodado porque aumenta a minha responsabilidade.

Falando agora de varejo, que é o setor que você domina. Recentemente, o Carrefour comprou o Big (ex-Walmart). Quem mais tem para comprar? O GPA?
A compra do Big foi feita, a gente acha que vai ser bem-sucedida, estamos esperando o parecer final do Cade. Acho que o Carrefour está ficando num tamanho muito importante, de longe a maior empresa da América do Sul no setor. Agora, o Carrefour tem que crescer por coisas dele mesmo. Tem de desenvolver mais o banco, tem de desenvolver muito o digital, o e-commerce, integrar o Big. Temos que mostrar que somos bons e temos que mostrar execução. Mais do que qualquer aquisição, temos de fazer crescer aquilo que temos.

O varejo hoje está passando por uma grande transformação. Além do clássico caso da Amazon, temos o exemplo do Magazine Luiza aqui no Brasil, que era uma varejista de eletrodomésticos e está virando uma empresa de serviços também. Como você enxerga o futuro do varejo e as suas empresas inseridas nele?
Nós até estamos um pouquinho atrasados nisso, no omnichannel. Mas é meta pesada o desenvolvimento do omnichannel, inclusive integrando o banco. O banco Carrefour é uma coisa extraordinária em número de cartões e clientes. Estamos trabalhando nisso de uma forma muito séria agora, estamos dando a partida para uma força muito grande no omnichannel com Carrefour e Big juntos. Aguarde, em pouco tempo, vamos surpreender o mercado nessa parte digital.

“Se você comparar os múltiplos de um Mercado Livre, de um Magalu, com os nossos, o nosso é ridículo. Mas primeiro vamos fazer e depois ser reconhecidos. O potencial é extraordinário”

Vocês vão ainda mostrar o que estão desenvolvendo?
Ainda estamos na fase de adaptação e vamos mostrar. Nesse momento em que estamos, o mercado está longe de nos reconhecer como uma tech. Se você comparar os múltiplos de um Mercado Livre, de uma Magalu, com os nossos, o nosso é ridículo. Mas primeiro vamos fazer e depois ser reconhecidos. O potencial é extraordinário.

Agora falando de Brasil, qual é a sua opinião sobre a atuação do governo brasileiro e do presidente Jair Bolsonaro em relação à pandemia do coronavírus?
Prefiro não falar de pessoas, prefiro falar do Brasil. Primeiro, o Brasil surpreendeu o mundo. A economia da França caiu 10% e nós caímos 4,1%. Já começa por aí. O mundo está um pouco de nariz torcido para o Brasil, mas nós estamos surpreendendo sim. Ninguém esperava que a nossa queda fosse tão pequena. As primeiras previsões dos economistas mostravam que levaríamos muito tempo para retomar e estamos retomando com muito mais velocidade. Há uma dependência mundial do Brasil, o que está explodindo são as commodities, o minério, o ferro, os produtos agrícolas, somos o celeiro do mundo. Nessa retomada do mundo, temos muito a oferecer. Além do que, há muitas empresas de fora querendo investir e empresários brasileiros investindo.

O Brasil terá uma retomada mais rápida?
Que o Brasil vai ter uma retomada muito mais rápida do que o esperado, eu não tenho dúvida. Essa é a visão macro. Agora, há uma quantidade enorme de pequenos negócios que fecharam, que não conseguiram se sustentar, para não falar nas pessoas que morreram nessa pandemia. Realmente é um cenário devastador. Porém, o “coronavaucher” do ano passado segurou muita gente. Esse auxílio que está sendo dado agora também está ajudando. Isso não impede que pequenos empresários tenham perdido seus negócios. Isso vai retomar, um pouco mais lentamente, mas vai retomar.

“Que o Brasil vai ter uma retomada muito mais rápida do que o esperado, eu não tenho dúvida”

Mas e a questão sanitária? O País conta mais de 430 mil mortos. Como você analisa a atuação do governo em relação à pandemia?
Tivemos um problema, não adianta ficar buscando culpado agora. O culpado sempre é o mordomo. Não vamos ficar pensando quem é o culpado, vamos olhar para frente. O que se faz? Tem que antecipar a vacinação. Tem que ter vacina e antecipar. Isso é fundamental para a economia. Segundo, tem que dar condições para que os investidores venham.

Como?
Tem que dar mais tranquilidade, mais seriedade, segurança. Uma das coisas mais importantes, e espero que ande, é a reforma tributária. Fatiada ou não fatiada, não importa, ela tem de andar. Muita gente de fora está querendo vir ao Brasil, mas as inseguranças jurídica e tributária preocupam. Quanto mais puder dar segurança, mais você terá capital privado do Brasil e de fora para investir. Tem que ter auxílio para as pessoas vulneráveis, mas o melhor auxílio que existe é emprego. Mas, para gerar emprego, você precisa que a economia ande, precisa capital e o Estado tem pouca capacidade. Mas tem capital privado suficiente para fazer a economia girar e crescer.

Você acredita mesmo que os estrangeiros querem investir no Brasil?
Não tenho dúvida nenhuma. Uma coisa é nariz torcido, é fazer de conta que não está querendo ouvir, não está querendo olhar. Outra coisa é a realidade. Olha a quantidade de estrangeiro entrando em IPO aqui no Brasil. Mas, quando você vê a retórica, é tudo nariz torcido.

“Olha a quantidade de estrangeiro entrando em IPO aqui no Brasil. Mas, quando você vê a retórica, é tudo nariz torcido”

Mas o modo como o País tem tratado a questão ambiental não atrapalha a vinda desses investidores?
Atrapalha. O mundo hoje não olha só para o dinheiro. Ou seja, há muito dinheiro com compromisso com o social, com o ambiente, com a natureza. Acho que ainda há tempo para reverter essa situação.

Você é um empresário que sempre teve interlocução com todos os presidentes do Brasil, desde a redemocratização. Como é a sua relação com Jair Bolsonaro?
Sigo uma linha de que muito faz quem não atrapalha. Eu falo e sempre me dei bem com todos os presidentes. Até porque eu aprendi, quando estive no Conselho Monetário Nacional, que, se você quer ajudar o País e tem capacidade, é melhor não ficar longe do governo. Dos anos 80 para cá, tenho me dado bem com todos os presidentes, no que diz respeito a interlocução. De alguma maneira, tem que ser construtivo, tem que colocar aquilo que você pensa. Eu falo com o presidente Bolsonaro.

O que você fala com ele?
Eu sempre tenho batido muito na tecla que tem de olhar para a economia. Quando eu converso, uma vez ou outra, é o que falo. Você tem de dar contribuição no campo que você realmente conhece e naquilo que você acredita.

Na semana passada, o Datafolha divulgou uma pesquisa mostrando que o ex-presidente Lula vence o presidente Bolsonaro na eleição de 2022. Como você enxerga esse cenário?
Acho que ainda é muito cedo para ter um cenário. Estamos a um ano e meio para a eleição e não dá para saber como as coisas vão acontecer. Tem um ponto muito importante, se vamos ter vacina o suficiente de maneira rápida e como será a retomada da economia. Isso vai mudar muito, então é muito cedo para se fazer projeções em cima de um ou de outro. O presidente Lula sempre foi um cara carismático e muito pragmático. Você vê as declarações que ele tem dado na mídia. São de um homem de centro. Com o carisma que ele tem, com esse tipo de declaração, evidente que ele desperta um interesse grande nos eleitores e na população. Por outro lado, o atual presidente está num momento em que as coisas ainda não aconteceram, mas podem acontecer: dar vacinas mais rápido e a economia andar. E acho que a economia tem tudo para a andar.

“Acho que ainda é muito cedo para ter um cenário. Estamos a um ano e meio para a eleição e não dá para saber como as coisas vão acontecer”

Você é favorável ao liberalismo econômico, a força do capital privado, mas, nesse momento, o que está fazendo a economia americana andar é o peso do Estado. O presidente Joe Biden está injetando trilhões de dólares na economia dos Estados Unidos. Nesse momento de pandemia, no Brasil, não seria necessário mais peso do Estado?
Nesse ponto me sinto muito tranquilo naquilo que falo. Não existe um ou outro. Existe momento em que você pode seguir por um caminho ou por outro. Vínhamos anos a fio de uma economia intervencionista, clientelista, assistencialista. Não vou dizer nem que é bom, nem que é ruim. Mas foi muito forte, levando a uma estatização que eu não gosto. O governo é mau gestor e isso aumenta a possibilidade de corrupção e de uma série de dificuldades para o País. Numa situação como essa, é natural que, com um choque liberal, você possa mudar as coisas e para melhor. Não sou um Chicago boy, e nunca fui, mas gosto muito do liberalismo. Em determinados momentos, acho muito importante. Mas o próprio Friedman (Milton Friedman (1912-2006), economista liberal, professor da Universidade de Chicago) nos ensinou que, em momentos de crise, somos todos keynesianos (em referência ao economista John Maynard Keynes (1883-1946), que defendia a ação do Estado na economia). É uma coisa que a gente até brinca e é o que o Biden está fazendo nos Estados Unidos. Os democratas nos EUA sempre foram mais keynesianos do que os republicanos. E há até economistas próximos do Biden que estão achando que esse intervencionismo do Estado já está um pouco demais e pode trazer problemas mais para frente.

E no caso do Brasil?
No caso do Brasil, no início do governo Bolsonaro, a declaração do governo liberal era o que o Brasil precisava. Acho que isso encantou antes da eleição, durante a eleição e no começo do governo. Só que, você ser liberal em certas coisas, às vezes não é fácil. Você desestatizar, não é fácil. Quando colocaram o Salim Mattar lá eu pensei: ‘Opa, agora vai!’. Mas, de repente, me lembrei dos dez anos que estive lá no Conselho Monetário Nacional e falei: ‘Opa, vai ser mais difícil do que eu pensava’. É difícil, é complicado. Uma das coisas que eu venho acompanhando de governo para governo é a reforma da Previdência. Com a minha idade, acompanhei as discussões da Constituição de 1988. E, desde aquela época, já começamos a entender que daria problema, tem muito nó. Um dos meus mestres na economia foi o Mario Henrique Simonsen (1935-1997) e ele já fazia cálculos da Previdência. Nós conseguimos fazer a reforma da Previdência no Brasil, coisa que todos os governos que passaram tentaram fazer. A lei do saneamento básico, aprovada no ano passado, foi uma coisa espetacular para os brasileiros vulneráveis. Temos feito coisas e tem de fazer mais. Ou seja, sou liberal, mas, nos momentos de crise, somos todos keynesianos.

“Sou liberal, mas, nos momentos de crise, somos todos keynesianos”

Desde o início da pandemia, você passou a fazer lives. Recentemente, fez uma com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. Por quê?
Tem certas coisas que você entra e nem sabe direito como. Comecei com esse negócio de live no ano passado. Fiz uma live com o padre Fábio de Mello e “bati” em mais de 30 mil pessoas. E aí uma puxa a outra. Fiz 54 lives no ano passado. O que leva a fazer? Você vê que as pessoas com as quais está interagindo estão solicitando e agradecendo. Tenho o propósito na vida de aprender e compartilhar. Quando você vê que está compartilhando e pessoas te agradecem, isso estimula a ir para frente. Fui levado na pandemia a ir fazendo. Acredito muito nesses novos presidentes da Câmara e do Senado. Estudando as ideias deles e vendo a atuação nesse início, acho que eles podem trazer o engajamento muito grande para ajudar esse País a desatar os nós. Por isso que, logo de cara, convidei o presidente do Senado e o presidente da Câmara. O Rodrigo Pacheco já topou e já fiz. Agora estamos tentando achar o timing com o Arthur Lira. Fiz perguntas importantes para o Rodrigo Pacheco e ele respondeu. Acho que essa é uma contribuição que posso dar para a sociedade.

Você é otimista ou pessimista com o Brasil?
Sempre fui otimista e continuo sendo otimista. Acabando essa pandemia, esse país vai decolar.

Mas o Brasil não é sempre o País do futuro?
Tem uma outra frase que eu gosto muito que é: ‘a melhor maneira de prever o futuro, é você construí-lo’. Acho que o Brasil está construindo. Muitas coisas que você faz, tem de dar um pouco de tempo para maturar. Dentro dessa linha, o Brasil está construindo o seu.

Construindo bem?
Quando você está fazendo uma casa, você sempre acha que está fazendo bem. Mas sempre tem que arrumar um pouquinho aqui, um pouquinho ali, e ir arrumando.