Se depender do CFO da HBR Realty, Alexandre Dalpiero, o mercado vai ter de recalcular os números da companhia. Nas contas do executivo, há um desconto de aproximadamente 80% entre o valor de mercado e o valor dos ativos listados em seu balanço.
“Temos cerca de R$ 3,4 bilhões em ativos avaliados. Quando descontamos a dívida líquida de R$ 1,4 bilhão, sobra um patrimônio de R$ 2 bilhões. Mas o nosso valor de mercado hoje está na casa dos R$ 350 milhões”, afirmou Dalpiero no programa Números Falam, do NeoFeed.
O objetivo agora é um só: transformar o valor contábil da HBR em valor percebido pelo mercado. E, sobretudo, pelo investidor.
Segundo o CFO, essa discrepância não se deve à qualidade dos ativos, que têm ocupações médias de 92% nos shoppings, 85% na plataforma de fachada ativa ComVem e 100% nos corporativos tipo AAA, como a torre João Moura, recém-entregue no bairro de Pinheiros, em São Paulo.
A estratégia da companhia para fechar esse gap passa pela reciclagem de ativos. Em outras palavras, vender imóveis já maduros para reduzir o endividamento e aumentar a atratividade para investidores.
As vendas concluídas de dois hotéis — o Ibis e o Hotel Fortaleza, este para a Moura Dubeux — e a negociação do Hotel Hilton Garden Inn, que está em fase de due diligence, são alguns exemplos. “Trata-se de um ciclo claro: originamos bem, desenvolvemos bem, e colocamos na esteira da venda na hora certa”, diz ele.
Enquanto ajusta sua estrutura de capital, a HBR mantém a estratégia de investimentos. O capex previsto para os próximos cinco anos é de R$ 947 milhões, com alocação prioritária em três frentes.
A primeira é o Corporativo Butique (50%), com ativos de 4 mil a 12 mil m² em regiões nobres, como Faria Lima, Pinheiros e Higienópolis. A estratégia privilegia áreas menores com alto potencial de valor por metro quadrado e menor risco de vacância.
A segunda é na plataforma de fachadas ativas ComVem (30% a 35%), ou seja, pequenas galerias de varejo de proximidade nos térreos de prédios comerciais e residenciais. O modelo, que já soma mais de 50 mil m² de ABL, deverá dobrar em cinco anos.
E o residual são as expansões de shopping centers, com foco em Suzano e Mogi das Cruzes, que registram ocupações médias acima de 90%.
Comércio de rua com cara de shopping
A vertical ComVem se tornou uma das grandes apostas da HBR. No primeiro trimestre, a receita da operação cresceu 19,6% e a margem operacional atingiu 77%, com uma ocupação média de 85%.
Unidades recém-inauguradas, como a da Chácara Klabin, já abrem com 91% de lojas ocupadas e restaurantes autorais.
“Integramos urbanismo, varejo e mobilidade em um só ativo. Esse é o valor do ComVem. Tem zeladoria, segurança, jardinagem. É um ponto de encontro, quase uma extensão da casa”, disse o CFO.
Outro trunfo é o recém-inaugurado hotel W São Paulo, cuja operação começou em soft opening no fim de dezembro. Localizado ao lado do Shopping JK, o hotel já apresenta uma diária média de R$ 500, taxa de ocupação de 55% e receita de hospedagem de R$ 3,2 milhões nos primeiros três meses de atividade.
A ação HBRE3 acumula alta de 14,5% na B3 em 2025. O valor de mercado da HBR é de R$ 367,3 milhões.