Depois de quase ter sido comprada pela Adobe, em 2023, a Figma entrou com um pedido de IPO nos Estados Unidos, uma operação que testará o humor dos investidores por listagens de companhias techs em meio à guerra tarifária liderada por Donald Trump, que abala os mercados.

A startup americana que opera como uma plataforma colaborativa de design entrou com um pedido confidencial de listagem de suas ações na Securities and Exchange Commission (SEC, a CVM dos Estados Unidos).

A Figma não informou o número de ações a serem vendidas, nem a faixa de preço dos papéis ainda não foi determinada, nem sinalizou quando pretende realizar o IPO.

No ano passado, a empresa foi avaliada em US$ 12,5 bilhões durante uma operação secundária envolvendo funcionários, que contou com a participação de investidores como Sequoia e Andreessen Horowitz.

Fundada em 2012 por Dylan Field e Evan Wallace, a Figma recebeu US$ 330 milhões em sete rodadas de captação.

O registro do IPO ocorreu pouco mais de dois anos após a aquisição pela Adobe ir por água abaixo. Anunciada em setembro de 2022, por cerca de US$ 20 bilhões, a aquisição acabou desfeita no fim de dezembro do mesmo ano, após “objeções” apresentadas pelas agências reguladoras do Reino Unido e da União Europeia (UE).

Se seguisse adiante, a aquisição seria a maior transação de uma empresa privada de tecnologia, superando a aquisição do WhatsApp feita pela Meta (então Facebook), em 2014, por US$ 19 bilhões.

O caos produzido pelo tarifaço de Trump frustrou as expectativas dos bancos de investimentos, que nutriam a esperança de que a vitória do republicano significaria a retomada das listagens das empresas.

Em vez disso, as restrições às importações anunciadas pelo governo dos Estados Unidos provocaram volatilidade nos mercados, interrompendo os planos de muitas empresas de seguirem com um IPO.

Dentre as companhias que paralisaram seus processos desde que Trump anunciou o “Dia da Libertação”, no começo de abril, estão a Klarna, que pretendia levantar US$ 1 bilhão com um valuation de US$ 15 bilhões, e a medtech Medline, buscando uma avaliação de US$ 50 bilhões.

Mesmo quem foi ao mercado antes do tarifaço de Trump não teve uma boa experiência. A CoreWeave realizou seu IPO no fim de março, mas teve que reduzir suas pretensões, mesmo tendo a Nvidia como acionista-âncora.

Um dia antes, a empresa anunciou que iria colocar 36,6 milhões de ações no balcão, 23,5% a menos do que planejava originalmente. E que os papéis seriam precificados a US$ 40, bem abaixo da faixa definida anteriormente, de US$ 47 a US$ 55 por ação.

Com esse downsizing, o IPO resultou numa captação de cerca de US$ 1,5 bilhão, a maior de uma empresa de tecnologia desde a abertura de capital da UiPath, em 2023.