É atribuída a Neném Prancha, que trabalhou como roupeiro, massagista, olheiro e técnico das divisões de base do Botafogo e considerado um “filósofo do futebol”, a frase: "Futebol é muito simples: quem tem a bola ataca, quem não tem defende."
A estratégia da Guepardo, gestora de ações com 24 anos de estrada e R$ 4,5 bilhões sob gestão, é quase tão óbvia quanto a máxima de Neném Prancha: comprar boas empresas, com valor descontado, e vendê-las quando atingir o preço-alvo.
Dito assim pode realmente parecer fácil. Mas o ingrediente secreto da Guepardo é acrescentar uma disciplina quase espartana para seguir essa receita a ferro e fogo.
“O momento de comprar ou de sair depende da cotação. Se está barato, monta posição. Se vai para o preço justo, zera e busca outra empresa barata”, diz Octávio Magalhães, sócio e gestor da Guepardo, ao Café com Investidor, programa do NeoFeed que tem o apoio do Santander Select.
Os resultados, ao longo do tempo, indicam que a estratégia tem funcionado. O Guepardo C FIC FIA, lançado em maio de 2001, multiplicou por 89,82x o capital desde então, atingindo um retorno médio de 20,64% ao ano. O Guepardo FIC FIA, de janeiro de 2004, tem um retorno de 44,25 vezes (média de 19,47% ao ano).
A Guepardo desenvolveu um processo refinado para fazer a seleção das empresas. Primeiro, ela conta com uma lista de 70 empresas que passaram pelo seu critério qualitativo, que envolve diversos filtros, como setor, governança, estratégia, gestão, cultura, alocação de capital e as pessoas que trabalham nessas companhias.
Aquelas que passam por esse crivo ficam aptas a serem investidas pela Guepardo. E aí entra a questão quantitativa: precisam estar sendo negociadas a um valor descontando em relação ao preço justo atribuído pela gestora.
Não bastasse isso, a Guepardo investe no máximo em apenas 14 empresas – hoje são 12, mas ocorreram períodos em que a carteira da gestora estava limitada a apenas cinco companhias.
Na carteira atual, as três maiores posições, o que indica que os papéis estão sendo negociados com um bom desconto, na visão da Guepardo, são Ultra, Klabin e Allos.
"No caso da Ultra, gosto da gestão, da estratégia, da alocação de capital e da cultura. A Klabin é uma empresa única em embalagem no Brasil e é irreplicável", diz Magalhães. "E o mercado tem ainda preconceito com a Allos. Ela tinha shoppings bons e ruins. Após a fusão, acabaram melhorando o portfólio", afirma Magalhães.
Em comum, as três empresas são consideradas bem baratas em relação ao preço considerado justo pela Guepardo.
Na entrevista que você assiste no vídeo acima, Magalhães explica em detalhes por que está “comprado” nessas três empresas e diz a razão de não perder um segundo sequer para ficar avaliando o cenário macroeconômico na hora de decidir fazer um investimento.