Quando o mato era muito alto no mercado de venture capital, Rodrigo Borges já investia em startups. Primeiro, com a “bandeira” do Buscapé, do qual ele é um dos fundadores. Depois, com capital próprio, quando deixou a startup de comparação de preços que foi comprada pelo fundo sul-africano Naspers (hoje rebatizado de Prosus). E, por fim, a partir de 2018, com a DOMO.VC, casa que ele fundou com outros sócios.
E, ao longo de trajetória como investidor, Borges já viu de tudo. E ele tem uma certeza, apesar de dizer em tom de brincadeira. “Os empreendedores me perguntam quando vamos voltar a ter múltiplos de 2020 e 2021”, diz Borges, em entrevista ao 100º programa do Café com Investidor, que tem o apoio da JHSF. “Digo que vi isso acontecer duas vezes na minha vida. Em 2000, na bolha da internet. E em 2020 e 2021. Talvez, agora, só em 2040.”
Borges foi o primeiro entrevistado do Café com Investidor (vídeos do episódio número 1 aqui) em 2019, época em que o mercado de venture capital começava a ganhar tração no Brasil e na América Latina. Naquele período, a DOMO.VC (que se chamava Domo Invest) tinha um fundo de R$ 100 milhões e estava tirando do papel outro veículo de R$ 100 milhões para investimentos anjos.
De cinco anos para cá, a DOMO.VC evolui, assim como o mercado de venture capital brasileiro. Hoje, tem R$ 600 milhões sob gestão em quatro fundos e três veículos específicos para investir em ativos que estão dando certo. De 10 startups investidas, passou para mais de 100. O portfólio inclui o que Borges chama da alguns outliers, empresas que estão com desempenho excepcional.
Entre elas, está a Meu Tudo, uma fintech de Fortaleza que aposta no crédito consignado público; a Turbi, que tem um modelo inovador de aluguel de carro; a Fretadão, que freta transporte para empresas; e a ContaSimples, uma fintech que foca nas pequenas e médias empresas. “Todas essas empresas mudaram de patamar”, diz Borges. “Elas cresceram mais de 10 vezes do momento em que investimos.”
A tese da DOMO.VC também evoluiu – embora a gestora de venture capital tenha se mantido fiel a aportes em early stage. Além de investir em startups que tenham algum componente de software e em B2C e B2B2C, um fundo específico para negócios B2B foi criado. O cheque médio vai de R$ 5 milhões a R$ 8 milhões, podendo chegar a R$ 20 milhões em rodadas subsequentes.
Nesta entrevista que você assiste no vídeo acima, Borges fala mais sobre as empresas outliers do seu portfólio e analisa a onda da inteligência artificial e seus impactos para as startups brasileiras.