Em meio a alta das taxas de juros no Brasil e a um mercado difícil para novas captações, a RBR Asset alcançou o que Ricardo Almendra, fundador e CEO da gestora que tem R$ 10,8 bilhões sob gestão, chamou de um “milagre”. Em 2024, até agora, conseguiu levantar R$ 2,1 bilhões, um de seus anos em que mais arrecadou recursos com investidores.

A captação mais recente foi para o RBR Flagship, que levantou R$ 185 milhões. Ele é um fundo de desenvolvimento com mandato para investir em diversos ativos, mas que deve começar com imóveis residenciais. A RBR captou também R$ 485 milhões para o TOPP11, que investe em “ativos troféus” na região da Faria Lima, em São Paulo, no segundo maior IPO de um fundo de tijolo em 2024.

Agora, Almendra tem um novo desafio. Ele está captando seu quarto fundo para comprar, reformar, alugar e vender prédios nos Estados Unidos, uma tese que já tem seis anos. A meta é chegar a US$ 100 milhões e o primeiro fechamento será agora em dezembro.

Além disso, a RBR Asset se prepara para entrar com mais força na área de infraestrutura, setor em que tem ainda uma posição pequena através de crédito. A gestora pretende captar dois fundos, de R$ 200 milhões cada, para investir em equity de concessões de iluminação pública e rodovias.

“Hoje está um momento muito difícil para captar dinheiro, mas um momento muito bom de investir. E é sempre esse paradoxo que vivem as gestoras”, diz Almendra, ao Café com Investidor, programa que tem o apoio da JHSF.

Nos três fundos anteriores em que captou para investir nos Estados Unidos, a RBR Asset comprou 55 prédios em Nova York. Desse total, já fez o desinvestimentos de 14 ativos, com retorno médio de 20% ao ano em dólar.

A meta, agora, é comprar de 10 a 15 ativos, investindo entre US$ 5 milhões e US$ 10 milhões, com um alavancagem que pode variar entre 50% e 60% do preço do ativo (o valor do prédio fica entre US$ 15 milhões e US$ 20 milhões).

A novidade é que a RBR Asset tem intenção de buscar prédios em outras cidades, além de Nova York. “Temos planos de ir para o nordeste dos EUA, para Washington e Boston”, afirma Almendra. “Mas de maneira minoritária. A estratégia core é continuar investindo nos Estados Unidos.”

De acordo com Almendra, a RBR Asset conseguiu encontrar um nicho nos Estados Unidos onde um grande investidor institucional não tem grande interesse de participar, o que fez a gestora brasileira virar um player relevante. “O nosso concorrente direto é a pessoa física”, afirma o fundador da gestora.

Ao contrário da tese de retrofit nos Estados Unidos, que já está madura, a RBR Asset também quer dobrar sua aposta em infraestrutura, área que tem apenas entre R$ 200 milhões e R$ 300 milhões sob gestão.

A RBR Asset, até agora, atua com um fundo de crédito no setor de infraestrutura, com uma cabeça de “project finance”, área que é comandada por Raphael Barcelos, um executivo que veio do Santander em 2022 para a gestora.

O plano é captar dois fundos em 2025 com o objetivo de comprar “equity” em duas áreas. A primeira delas é em iluminação pública, um setor que, a exemplo dos prédios de Nova York, passa a margem de grandes investidores. E a segunda é em rodovias, segmento com mais competidores.

Sobre a entrada eventual de um sócio estratégico, a RBR informa, por meio de nota, “que mira a obtenção de um capital proprietário permanente. Isso trará musculatura para a gestora e apoiará o crescimento. Não se cogita qualquer alteração no time de gestão”.

Nesta entrevista que você assiste no vídeo acima, Almendra detalha as principais teses da RBR Asset, comenta as perspectivas do mercado de real estate em 2025 e analisa qual o impacto da eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos para os negócios.